Homero escreveu na Ilíada a tradição oral sobre a guerra de Tróia, do ponto de vista do vencedor.
No livro descreve Aquiles, o herói grego, como um jovem impulsivo, violento, mal-humorado. Seus atos incluem o assassinato de um adolescente desarmado que acompanha a irmã e outras mulheres ao poço onde pegam água para a cidade sitiada.
No livro descreve Aquiles, o herói grego, como um jovem impulsivo, violento, mal-humorado. Seus atos incluem o assassinato de um adolescente desarmado que acompanha a irmã e outras mulheres ao poço onde pegam água para a cidade sitiada.
Bronze etrusco, séc. III a.C. |
O mesmo Homero descreve Heitor, o príncipe troiano, como um homem amante
da paz, tão previdente quanto corajoso, bom filho, marido e pai, e
sem motivos escusos, que não queria a guerra contra os gregos.
Sabe estar indo encontrar a morte mas sabe também que esse é seu dever para com sua cidade e seu povo. O melhor guerreiro entre os troianos e seus aliados, suas
proezas na luta eram admiradas também pelos gregos.
Após dez anos de cerco grego a Tróia, Heitor
precisa sair da cidade e liderar o contra-ataque aos gregos. Sua
esposa Andrômaca, carregando nos braços seu filho
Astianax, o intercepta no portão, intimando-o
a não sair pelo bem dela e do filho. Heitor sabe que Tróia e a
casa de Príamo estão condenadas a cair e que o destino sombrio de
sua esposa e filho será morrer ou ir para a escravidão em uma terra
estrangeira. Com
compreensão, compaixão e ternura, explica que não pode
pessoalmente se recusar a lutar, e a conforta com a idéia de que
ninguém pode levá-lo até que seja sua hora de ir. O
elmo reluzente amedronta Astianax e o faz chorar. Heitor o retira,
abraça sua esposa e filho, e para acalmá-la reza alto a Zeus: que
seu filho seja chefe depois dele e se torne mais glorioso em batalha.
Andrômaca, Astianax e Heitor, c. 360 a.C. |
Duas
vezes Polidamas insta Heitor a se retirar para a cidade, mas ele
recusa.
Todos
os troianos se refugiam na cidade, exceto Heitor, que sente a vergonha
da derrota e resolve enfrentar Aquiles, a despeito das súplicas de
Príamo e Hécuba, seus pais. Quando Aquiles se aproxima, Heitor
fraqueja, e é caçado ao redor da cidade pelo grego. Finalmente,
Atena o ilude para que páre de fugir, e ele volta para enfrentar seu
oponente. Depois de um breve duelo, Aquiles transpassa o o pescoço
de Heitor. Aquiles toma o corpo de Heitor e o desonra durante doze dias.
A Tróia de Heitor data de c. 1300 a.C., e parece ter sido destruída por uma guerra.
Foi Tróia VII, na sucessão de nove cidades superpostas no mesmo local, oeste da Anatólia, hoje na Turquia. O rei Príamo é citado em textos cuneiformes hititas (povo que derrotou outros da região). Tróia VII era uma civilização da idade do Bronze.
Por que nove cidades foram construídas uma sobre a outra?
E por que nos últimos milênios ficamos tão fascinados por histórias de guerra, a ponto de achar desinteressantes as que falam de vida em paz?
Fonte:
Karl Kerényi, Os heróis gregos
A Tróia de Heitor data de c. 1300 a.C., e parece ter sido destruída por uma guerra.
Tróia VII, muro da esquerda |
Por que nove cidades foram construídas uma sobre a outra?
E por que nos últimos milênios ficamos tão fascinados por histórias de guerra, a ponto de achar desinteressantes as que falam de vida em paz?
Fonte:
Karl Kerényi, Os heróis gregos