Um
samurai viajava pelo Japão procurando o homem que matara
seu mestre, porque era seu dever vingar essa morte, matando-o. Depois
de vários anos de busca o encontrou. Empunhou sua espada mas, quando
ia desferir o golpe, o homem cuspiu em seu rosto, e isso o deixou com
raiva. Ele tornou a guardar a espada e partiu. Tinha
que matar por dever, sem a interferência de uma emoção pessoal.
Jasão e o dragão |
O
herói nunca busca algo
só para si, quem faz isso é o tirano usurpador. Jasão,
quando vai buscar o tosão de ouro, quer ser rei, mas essa posição
é um dever, não uma regalia. O rei representa,
na terra, a ordem do céu. Sendo generoso ao governar e aplicar
justiça, garante a vida e a prosperidade de todos no reino. Se o rei
falha, a terra se torna estéril, devastada. Aquilo que o herói traz
de sua jornada é para todos.
O
herói conta com a ajuda dos poderes invisíveis, do inconsciente,
porque tem um coração puro: livre do medo e da raiva. A coragem é
a virtude do coração que não foi dominado pelo fígado – a raiva
– nem pelos rins – o medo. O coração heróico não alimenta a
mente, criadora dos pensamentos de raiva e medo.
O
herói budista tem compaixão pela pessoa que pratica injustiça,
porque sabe que seus atos estão criando para ela mesma uma vida de
sofrimento. A jornada do herói repete a gênese da vida: união e
cooperação, gerando um fluxo incessante, mutável, abrangente,
e de complexidade crescente. Chamamos
a isso evolução.
No
decorrer da jornada o herói cresce em consciência, aprendendo com
os poderes divinos o que é a Vida. Com Hélios ele aprende a nascer
toda manhã da escuridão para a luz, e morrer cada entardecer para
dentro do útero da Mãe-Terra: agir no mundo do tempo, e descansar
no sonho da
eternidade.
A
emoção do dia se dissolve no sonho. Cada dia é novo: viver
na eternidade é agir
no tempo com a liberdade do novo.