É
um deus rústico
da Arcádia: deus dos
pastores, das
pastagens, dos
rebanhos
de animais,
selvagens ou domésticos. Ama
a música e a arte, mas é motivo de riso ao dançar ou cantar. Toca
a flauta (de Pã) que
criou. Seu nome, que
vem de rústico, só no período clássico foi associado a “tudo”.
Extremamente
barulhento, sua aproximação provoca pânico – palavra que tem
origem em seu nome – mesmo
porque sua natureza intensamente sexual é agressiva.
Já nasceu adulto,
com barba e peludo. Tem pés de bode, rabo, chifres e
um nariz ridículo.
Filho de uma ninfa
que o rejeitou por repugnância, busca o amor das ninfas, que fogem
dele.
Afrodite, Pã e Eros (Delos) |
É
filho de Hermes, que
o levou para o Olimpo, envolto
numa pele de coelho, onde
Dioniso se alegrou com ele. Hermes,
vindo da Trácia, tem
representação itifálica, é o aspecto masculino da Deusa. É, como
Hécate, morador das encruzilhadas. É o psicopompo, representado
carregando Dioniso, o que o assemelha a Silenos, um
sátiro – fisicamente parecido
com Pã. No par
Hermes-Dioniso o hermético-espiritual e o animal-divino se igualam,
como nos mistérios
orfico-dionisíacos.
Mais tarde,
Satanás será representado fisicamente semelhante a Pã. Também
Saturno é por vezes associado a esta imagem.
De
Hermes vem a palavra hermetismo, sinônimo de esoterismo: o que é
fechado, que pertence
ao círculo interno. “Hermeticamente fechado” todo mundo sabe o
que significa. Acabou ficando com o significado de secreto, mas não
é esta a idéia inicial. O hermético era transmitido pela
iniciação, porque não seria compreendido sem uma alteração da
consciência. Hermes como psicopompo, condutor de almas, conduz os
mortos até a outra margem, mas também conduz o neófito na
iniciação. Como
mensageiro dos deuses, com suas sandálias e capacete alados une o
céu e a terra. Na guerra de Tróia usa seus escudeiros Tânatos –
morte – e Hipnos – sono. É também pelos sonhos que os deuses
enviam suas mensagens.
Hermes é
também o deus dos mentirosos e dos ladrões. Seu neto Autólico, avô
de Ulisses, foi o maior dos ladrões. Simboliza o trickster, o
trapaceiro interior, muito importante na individuação: é aquilo em
nós que faz com que nos coloquemos em situações que não
queríamos.
O
divino Hermes e o terrestre Pã são inseparáveis. A realização
espiritual só acontece associada às manifestações físicas da
natureza corpórea. Do filósofo Sócrates nos chegou através de
Platão esta oração:
“Amado
Pã, e vós outros deuses aqui ao nosso redor, permiti que eu seja
belo na alma e que tudo que me for destinado seja aceito alegremente.
Permiti que eu me considere rico e sábio, e que só tenha o ouro
necessário a um homem frugal... Acaso devo dizer algo mais, Fedro?
Pedi tudo aquilo de que necessito.”
Fonte:
Hans-Dieter
Leuenberger,
O
que é esoterismo
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