Ulisses e as sereias. Vaso coríntio. in Kerényi |
Ulisses fôra avisado para não se deixar levar pelo belo canto das sereias, e instruído para tampar com cera os ouvidos de seus marinheiros e se fazer amarrar por eles ao mastro o navio. Os nomes das sereias variam: Himeropa (aquela cuja voz desperta o desejo), Agláope ( a da voz gloriosa), Pasínoe (a sedutora), e outros. Com rosto de mulher, corpo de pássaro cuja parte inferior tem forma de ovo, pés com garras ou como patas de leão, habitam ilhas que parecem floridas, mas ao se chegar lá são um cenário de terror, com corpos humanos apodrecendo.
Cantam, tocam lira e flauta, estão ligadas pela música às Musas. São oráculos, sabem tudo que aconteceu e está acontecendo em todo o mundo. Talvez sejam filhas de Perséfone, deusa do mundo subterrâneo, também conhecida com Afrodite dos mortos. As sereias estão ligadas ao amor – por suas flores – e à morte. Levam os mortos para o reino de Perséfone. Se um navio passasse por elas e os marinheiros não as seguissem, elas é que teriam que morrer. Por isto se suicidam após a passagem de Ulisses.
Esse é o mito contado, claro, por Homero na Odisséia. E por outros gregos mais ou menos seus contemporâneos. Existem, porém, outras deusas-pássaro.
No Neolítico, Ístar, babilônia, e Afrodite, do leste do Mediterrâneo, eram associadas a um conjunto de símbolos que representam a água: pássaro (aquático), peixe, serpente, labirinto. Atena também é associada a aves aquáticas e serpentes. Por isto a Atena de Fídias, que inspirou a estárua da liberdade de Nova Iorque, tem aquela serpente dentro do escudo. E Afrodite, assim como Selene, anda em um carro puxado por gansos.
Já em 6 000 a.C. na Grécia continental (Tessália), quando a região estava secando
Tessália. In Gimbutas |
Livros consultados:
Campbell, Joseph: As máscaras de Deus - mitologia primitiva
Gimbutas, Marija: The godesses and gods of Old Europe
Kerényi, Karl: A mitologia dos gregos vol. I
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